Ao longo da história do cinema temos assistido a um complexo debate sobre a relação recíproca entre o cinema e as outras artes que se caracteriza, sobretudo, por um conjunto de esforços criativos e gestos experimentais de ambos os domínios, permeado por dialogismos que transitam entre a expressão das outras artes no cinema e a transmutação do cinema nas outras artes. Desde a defesa do valor estético da imagem em movimento até às formas mais híbridas construídas sob novos referenciais, o cinema está em constante relação de reciprocidade com as outras artes, quer seja por uma relação de tensão, de presença de uma na outra, ou em última instância, de diluição das fronteiras. Este campo investigativo encontra nas possibilidades operativas da intertextualidade e no regime dialógico da construção artística, processos metodológicos capazes de estruturar o discurso científico. O encontro internacional O Cinema e as outras Artes terá a sua quarta edição nos dias 9, 10 e 11 de dezembro de 2020, na Universidade da Beira Interior. O seu principal objetivo passa por promover a discussão/reflexão sobre problemáticas atuais relativamente ao diálogo entre as diferentes formas de arte, tendo como ponto de contacto o cinema. Procurando reunir esforços para ensaiar hipóteses de leitura interdisciplinares e interculturais, são convidados a participar neste encontro, investigadores das diversas áreas científicas, com especial preponderância para os Estudos Fílmicos, os Estudos Artísticos e os Estudos Culturais, que, em diferentes domínios disciplinares e fases de investigação, se ocupam destas questões.
Mirian Nogueira Tavares
Mirian Nogueira Tavares é professora associada da Universidade do Algarve, Portugal. Com formação académica nas Ciências da Comunicação, na Semiótica e nos Estudos Culturais (doutorou-se em Comunicação e Culturas Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia), tem desenvolvido o seu trabalho de investigação e de produção teórica nas áreas das estéticas fílmica e artística. Como professora da Universidade do Algarve, participou na elaboração do projeto de licenciatura em Artes Visuais, do mestrado e doutoramento em Comunicação, Cultura e Artes e do doutoramento em Média-Arte Digital. Atualmente é coordenadora do CIAC (Centro de Investigação em Artes e Comunicação) e vice-coordenadora do doutoramento em Média-Arte Digital. Tem realizado trabalhos de curadoria desde 2005. São exemplos O Século XX passou por aqui (no âmbito de Faro — Capital Nacional da Cultura, 2005), Dialogue Boxes on Street Windows (cocuradoria com o artista Xana, no âmbito do projeto Allgarve, 2009), Politically Excited (2012) e Arte: Um Assunto de Mulheres (Galeria Trem, Faro, 2015). Como cocuradora das exposições da Galeria Trem, desde 2009, tem produzido todos os textos de folha de sala e colaborado com textos para catálogos de artistas como Pedro Cabrita Reis, Pedro Cabral Santo ou Manuel João Vieira. De forma intermitente, colabora com a ARTECAPITAL.NET.
Sylvie Debs
Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Le Mirail, de Toulouse. Professora Titular na Universidade de Estrasburgo, onde leciona no Departamento de Informação e Comunicação. Sylvie Debs é considerada uma das maiores especialistas em cinema brasileiro na França. É autora dos livros: Patativa de Assaré (2000), Os mitos do sertão: emergência de uma identidade nacional (2002), Brasil: o ateliê dos cineastas (2004) e Cinema e literatura: um jogo de espelhos (2014), bem como inúmeros artigos sobre cinema, literatura de cordel e cultura popular. Participou como jurada em inúmeros festivais de cinema no Brasil e, desde 1996, colabora com o Cinélatino e a revista Cinémas d’Amérique Latine, em Toulouse. Entre 2006 e 2010 ocupou o cargo de Adida de Cooperação e Ação cultural na Embaixada da França no Brasil e posteriormente no México (2010-2013), obtendo uma ampla experiência em difusão e cooperação cultural, o que a levou a participar de diversos seminários internacionais sobre a cultura contemporânea. É representante da Rede Internacional de Cidades de Refúgio (ICORN) e fundadora da rede de CAsas BRAsileiras de Refúgio (CABRA), criada para acolher escritores/as e artistas ameaçados em seus países de origem. Com o objetivo de construir uma rede de universidades-refúgio, segundo o conceito de Jacques Derrida, CABRA organiza palestras e seminários em universidades públicas sobre artistas em risco. A rede fornece comunicação e informação sobre a ICORN no Brasil através de seu (www.cabras.org) e de sua página no Facebook: casasbrasileirasderefugio.
Edgar Pêra
A primeira fase da obra de Edgar Pêra, encontra o seu expoente com o filme A Cidade de Cassiano (Grand Prix, Festival Films D’architecture 1991). Pêra tem vindo a retratar nas suas obras temas como o Trabalho, o Tempo, a Liberdade, a Realidade e a Alienação. Debruçando-se sobre a vida e/ou obra de pensadores e artistas como Agostinho da Silva, Alberto Pimenta, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, António Pedro, Carlos Paredes, Dead Combo, Fernando Pessoa, H.P. Lovecraft, João Queiroz, Lydia Lunch, Madredeus, Manuel João Vieira, Manuel Rodrigues, Maria Isabel Barreno, Nuno Rebelo, Miguel Esteves Cardoso, Paulo Varela Gomes, Pedro Ayres Magalhães, Rudy Rucker, Alexander Zograf, Robert Anton Wilson, Souto Moura, Terence Mckenna, Legendary Tigerman, Ney Matogrosso, entre outros. A sua primeira longa-metragem Manual de Evasão LX 94 (para Lisboa Capital da Cultura 1994) estreou-se em 1994, e segue-se A Janela (Maryalva Mix) (selecção oficial do Festival Locarno de 2001). A partir daí a montagem plástica associa-se às emoções em filmes como O Homem-Teatro (Locarno, 2002). Em 2004, os seus trabalhos são objecto uma retrospectiva no World Wide Video Festival. Em 2006 estreia Movimentos Perpétuos (Prémio Público, Melhor Filme e Fotografia) no Indie Lisboa, que lhe dedica uma retrospectiva na secção Herói Independente. Ainda em 2006 em Paris, Pêra vence o prémio Pasolini pela sua carreira, juntamente com Alejando Jodorowsky e Fernando Arrabal. Em 2011 estreia no Festival de Roterdão o seu filme mais consensual e mais premiado O Barão, e inicia uma intensa pesquisa no formato tridimensional para o livro-filme da sua tese de doutoramento O Espectador Espantado. Realizou desde então14 filmes 3D, entre os quais: Stillness (Festival de Oberhausen, 2014), Lisbon Revisited, (Locarno 2014), A Caverna (Festival Vila do Conde 2015), Delírio em Las Vedras (Roterdão, São Paulo, 2017). É co-autor (segmento Cinesapiens) da longa-metragem antológica esteroscópica 3x3D, em conjunto com Jean-Luc Godard e Peter Greenaway estreada no Festival de Cannes de 2013. Já dentro de uma estética “popular”, realizou Virados do Avesso (2014), o seu primeiro filme a ultrapassar os 120.000 espectadores. Em 2018 realizou O Homem-Pykante Diálogos Kom Pimenta (IndieLisboa, Roterdão), sobre a vida e obra do poeta Alberto Pimenta e estreou no Festival de São Paulo a longa-metragem Caminhos Magnéticos, uma adaptação distópica da obra homónima de Branquinho da Fonseca, protagonizada por Dominique Pinon e Ney Matogrosso. Depois das retrospectivas em cidades como Reus (2000), Cork (2011) e Seoul (2014), a Fundação de Serralves dedicou-lhe em 2016 uma extensa retrospectiva da sua obra fílmica, plástica e gráfica. Em 2019, o Festival de Roterdão dedica-lhe a maior retrospectiva de sempre, com 26 sessões e 24 apresentações dos seus filmes, culminando no Cine-Concerto Lovecraftland. Recentemente terminou as rodagens do filme Não Sou Nada – The Nothingness Club, que se encontra neste momento em fase de montagem. Proferiu inúmeras masterclasses e cine-conferências.
A organização O Cinema e as outras Artes convida toda a comunidade científica, a submeter propostas originais que se enquadrem na dinâmica do evento, até dia 15 de Novembro de 2020. Cada proponente poderá apresentar apenas uma proposta de comunicação. As comunicações poderão ser apresentadas por coautores, desde que um dos proponentes esteja devidamente inscrito no encontro. Todas as comunicações terão a duração máxima de 20 minutos, independentemente do número de coautores. Serão também permitidas propostas de mesas temáticas enviadas por grupos de proponentes.
Nota importante: Estão registadas as propostas de comunicação recebidas até à data. Os proponentes serão notificados até ao dia 4 de novembro de 2020.
Resumos:
Os resumos devem ser enviados em formato Word document para o email c_@labcom.ubi.pt, incluindo a seguinte informação:
Artigos finais:
Idiomas de trabalho:
Calendário
A inscrição no evento terá uma taxa de inscrição no valor de 20€ para todos os participantes com propostas aceites.
A taxa de inscrição reverterá, na totalidade, para a edição e revisão dos nossos volumes de Cinema e Outras Artes.
Para formalização da inscrição é necessário enviar um email para c_@labcom.ubi.pt com a seguinte informação:
Dados para transferência bancária:
Nota: O evento é aberto a toda a comunidade científica interna ou externa à Universidade da Beira Interior. Todos aqueles que pretendam assistir ao mesmo poderão fazê-lo gratuitamente e sem qualquer tipo de inscrição prévia.
Geral:
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Universidade da Beira Interior
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