by Miguel Mesquita Duarte
Coleção: Ars
Ano da edição: 2018
ISBN: 978-989-654-432-4
Preço da edição impressa: € 17.5
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Sinopse
Este estudo sustenta que o arquivo é um material activo sujeito a transformações, releituras e sobrevivências. O material de arquivo relaciona-se com o passado enquanto espaço de latência e de desejo, sobrevindo como um ponto de partida criativo que se opõe ao fechamento das taxonomias racionais e descritivas. Articulando diversos autores e conceitos oriundos dos campos da filosofia, da história da arte, da literatura, da psicanálise e da teoria da imagem, o autor examina a passagem que vai do arquivo ao atlas, interessando-se pelas implicações estéticas, epistémicas e ontológicas desse movimento. Mostra-se que o atlas rompe com a habitual ordem do arquivo de imagens, fornecendo ao passado uma dimensão vertical associada ao modelo de tempo mnemotécnico, noção aqui revelada na sua componente simultaneamente técnica, imaginativa e afectiva. Através da exploração do cinema documental ficcional de Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Hans-Jürgen Syberberg e Chris Marker, e estabelecendo ligações aos projectos de historiadores como Aby Warburg e Walter Benjamin, o autor demonstra que a potencialidade contra-narrativa do filme é comparável a uma historiografia alternativa, a uma forma de pensamento por imagens que permite ao sujeito acercar-se das zonas de sombra da história. Ao reconhecer a importância de uma arquiviologia das imagens que incorpora as suas múltiplas histórias e tradições, o estudo abre novas perspectivas sobre os efeitos da imagem-arquivo e o modo como esta molda e reconfigura a nossa relação com o passado, individual e colectivo.Índice
Introdução - 1
Capítulo I - O instante e o arquivo - 13
1. A pós-imagem e a representação do instante - 13
2. A febre de arquivo: Derrida e Freud - 30
3. A invenção fotográfica: fotografia, escritura e techné - 52
4. No interior do arquivo. No interior da imagem - 77
A) Reler Roland Barthes: a intimidade do instante fotográfico - 77
B) Reler Roland Barthes: nas margens de visibilidade do arquivo. A imagem-traço e a experiência da escrita - 97
Capítulo II - Do arquivo ao atlas - 113
1. História e memória, arquivo e imagem: rumo a uma reinvenção do arquivo de imagens - 113
2. O heterotópico e o fora: Foucault, Borges e Deleuze - 129
3. Cartografias do Impossível. O Atlas em Aby Warburg e em Jorge Luis Borges - 152
4. A sobrevivência do primitivo e a iconologia do traço: Warburg e Nietzsche - 180
5. A imagem-sintoma (Georges Didi-Huberman). Traçados, formações sintomáticas e tempo inconsciente no Atlas Mnemosyne: Warburg e Freud - 201
Capítulo III - Atlas de Imagens: O ecrã de cinema e a superfície regenerativa do filme - 235
1. O legado de mnemosyne: Warburg e o cinema documental experimental de Chris Marker e J.-L. Godard - 235
A) Aby Warburg com Chris Marker - 235
B) Aby Warburg com Jean-Luc Godard e Chris Marker - 255
2. O ecrã cinematográfico como evento: Gilles Deleuze e Jean-Luc Godard - 284
3. Memória, percepção e pensamento: o regime cristalino da narração cinematográfica: Deleuze e Bergson - 307
4. O (ir)representável da história: o cinema e os arquivos do Holocausto - 332
A) Imagem e palavra, história e arquivo - 332
B) Montagem e pensamento. A imagem testemunha? - 359
Considerações Finais - 391
Bibliografia - 401