1º Painel
Um jornalismo
outro
A comunicação online, simbiose
de comunicação interpessoal (email e
messenger) e social (jornais, rádios, televisões
e portais), altera profundamente a forma como hoje em dia
se produz e se obtém a informação jornalística.
A actualização permanente das notícias,
a interactividade, a difusão urbi et orbi, em toda
a parte e em qualquer tempo, a disponibilização
online dos arquivos da informação jornalística,
organizados em bases de dados, obrigam a repensar as formas
do jornalismo tradicional e a investigar outros tipos de jornalismo.
2º Painel
Informação e Jornalismo
O jornalismo tem sido visto, de há muito,
como a forma de recolher, organizar e divulgar, junto de todos
e cada um dos cidadãos, a informação
comunitariamente relevante, aquilo a que Schudson chama "conhecimento
público". Com a Internet e a www, esse papel de
mensageiro e de mediador do jornalismo tem vindo a tornar-se
cada vez mais problemático. Procurando superar o dilema
entre a perspectiva "apocalíptica" dos que
vêem a Internet como fim do jornalismo, e a perspectiva
"integrada" dos que nelas vêem apenas um novo
meio de prolongar o jornalismo tradicional, tem vindo a ganhar
importância crescente a perspectiva dos que vêem
na Internet a via para um "novo jornalismo", um
"jornalismo informado" que pode, por um lado, deixar
de ser a mera caixa de ressonância dos poderes e dos
saberes oficiais e oficiosos e, por outro lado, escapar à
transformação generalizada da informação
em mercadoria e espectáculo.
3º Painel
Os géneros e a convergência
Está o on-line a alterar os géneros
clássicos do jornalismo? O novo medium
potencia ou não novas configurações nas
tradicionais formas de apresentar
informação? Qual o destino dos géneros
num meio - o digital - marcado
precisamente pela convergência de meios? O p2p e a sua
inconfundível
promessa de participação não será,
também, o início da degenerescência dos
géneros, da fusão informação-opinião,
do primado do entretenimento e do
fait-divers? Amálgama, blurring de estilos,
colonização da informação por
formas que lhe são estranhas, ou pelo contrário,
maior interactividade,
participação, e um refinamento do controle semântico
dos factos? Ou ambos?
Esta não é a primeira vez que apressadamente
se escrevem obituários ao
monopólio jornalístico da produção
e distribuição de notícias. O futuro
infirmará ou não o óbito. Este painel
de Jornalismo Online reflecte sobre a
provocação das formas, a confusão dos
géneros, a contrafacção de notícias,
as pressões do mercado, dos meios, e de uma cada vez
mais difundida
ideologia da inespecificidade das profissões jornalísticas,
e de que forma
esses factores se poderão traduzir no futuro em novos
modos de produzir a
apresentar a informação.
4º
Painel
Outros discursos, novas linguagens
Se é certo que a Internet promoveu a
fusão dos elementos constituintes
(imagem, texto, som) dos diversos suportes comunicacionais
(televisão,
rádio, imprensa), pode verificar-se simultaneamente
que essa integração
redesenhou a importância, a hierarquia e o papel de
cada um - antes de mais
pelas peculariedades técnicas e funcionais que lhe
são próprias.
Este cenário mediático que progressivamente
vem depurando formas, conteúdos, ferramentas e linguagens,
com natural incidência no modo de produzir, apresentar,
organizar e pesquisar informação, veio requerer
de cada leitor/ouvinte/espectador novos modos de traçar
percursos na exploração das enormes bases de
dados e de contextualizar os diversos contributos com que
vai compondo as suas perspectivas e referências da realidade.
Esta exigência de novos procedimentos por parte do receptor
é uma resposta
aos (e uma consequência dos) desafios que lhe são
lançados pelos órgãos de
informação, os quais, por seu lado, procuram,
por um lado, responder aos
constrangimentos e especificidades do novo suporte e, por
outro, aperfeiçoar
o uso das ferramentas e vantagens que o distinguem.
É no cruzamento entre o legado de hábitos e
comportamentos adquiridos, as
fórmulas herdadas e as potencialidades originais (bases
de dados,
hiperligações, motores de busca, interactividade,
imediaticidade) próprias
do novo meio que se joga o presente e o futuro do jornalismo,
dos seus
géneros, das suas formas de atenção e
leitura, do seu design, da sua
sintaxe, das suas narrativas e tipologias.
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