Seminário Permanente de Fenomenologia

LabCom.IFP/Curso de Doutoramento em Filosofia

Universidade de Évora, 21 e 22 de Abril de 2017

Sala 121 CES

 

Binswanger - Foucault - Coetzee

 

 

Os trabalhos terão lugar em formato de seminário, com uma conferência inicial, seguida de trabalho de textos, previamente distribuídos.

 

Dia 21: Elisabetta Basso (FCT/CFUL), La Daseinsanalyse de L. Binswanger selon Michel Foucault

15:00    Conferência

16:30-18:30 e 19:00-21:00 Seminário

              

Dia 22: Ana Falcato (FCT/IFILNOVA), Vergonha e ideias de si (B. Williams, Kant, J.M. Coetzee)

9h30: Conferência

11h-13h30: Seminário

 

 

CVs e Resumos:

Elisabetta Basso

Docteure en Philosophie (Université Paris-1 Sorbonne et l’Université Ca’ Foscari, Venise). Depuis 2015, post-doctorante au «Centro de Filosofia» de l’Université de Lisbonne (FCT). Membre associé du « Centre d’Archives en Philosophie, Histoire et Édition des Sciences » (École Normale Supérieure, Paris); entre 2016 et 2017, a été chercheuse associée à l’Institut d’Études Avancées de Lyon (Université de Lyon). Ancienne boursière postdoctorale au Max-Planck Institut für Wissenschaftsgeschichte (Berlin) et de la Fondation A. von Humboldt, elle est aussi chercheuse associée de l’« Innovationszentrum Wissensforschung » de la TU Berlin. Domaines de recherche : philosophie et histoire des sciences humaines, philosophie et histoire de la psychiatrie, anthropologie philosophique, philosophie française contemporaine. Elle travaille actuellement à l’édition des manuscrits des cours de Michel Foucault à l’Université de Lille (1952-55).

Elle a publié plusieurs articles sur Michel Foucault et sur l’histoire du mouvement phénoménologique en psychiatrie. Parmi ses publications, Foucault e la Daseinsanalyse (Milano, Mimesis, 2007) ; l’édition italienne de Ludwig Binswanger, Il sogno (Macerata, Quodlibet, 2009) ; le volume collectif Foucault à Münsterlingen. À l’origine de l’Histoire de la folie, avec Jean-François Bert (Paris, EHESS, 2015) ; le numéro thématique de la Revue de synthèse : « Philosophie de la psychiatrie, avec Mireille Delbraccio (vol. 137, 2016).

 

 « Entre l’histoire et l’éternité » : la Daseinsanalysede L. Binswanger selon Michel Foucault

Notre exposé analyse la manière dont Michel Foucault se rapporte à la psychopathologie phénoménologique dans les années 1950, à la lumière des nouvelles sources documentaires que nous avons aujourd’hui à notre disposition. La contribution se concentre en particulier sur le manuscrit inédit de l’un des cours donnés par Foucault à l’université de Lille entre 1952 et 1954 : le cours sur « Binswanger et la phénoménologie » (1953-54). L’analyse de ce cours, conçu par Foucault dans le contexte d’une réflexion philosophique sur le problème anthropologique de la psychopathologie, nous permettra enfin de mieux comprendre l’évolution de l’attitude de Foucault à l’égard de la Daseinsanalyse entre les années 1950 et 1960, au seuil de l’élaboration du projet « archéologique ».

 

Ana Falcato

Licenciada em Filosofia pela Universidade de Évora (2005), Mestre em Ciências da Comunicação (2008) e Doutora em Filosofia (2011) pela Universidade Nova de Lisboa (UNL-FCSH). Investigadora do IFILNOVA, é actualmente bolseira de pós-doutoramento FCT, após tê-lo sido da Fundação Alexander von Humboldt (2013-2015), tendo desenvolvido ampla investigação sobre a obra literária e crítica do escritor sul-africano J.M. Coetzee, nas Universidade de Mainz e Oxford. O seu corrente projecto de pós-doutoramento versa justamente sobre a obra de Coetzee, com especial ênfase na sua disputa da história do Iluminismo Europeu como projecto colonialista, e num diálogo prolixo que vários filósofos contemporâneos têm mantido com o Autor Prémio Nobel desde meados dos anos 1990.

Publicações: O Contextualismo na Filosofia da Linguagem (Lisboa: Colibri, 2013); “On Occasion: Invisible Minimalism and the Pragmatic Frame”, Daimon: Revista Internacional de Filosofía(2016); “Fantasmas de Realismo na Obra de J. M. Coetzee”, Trans/Form/Ação (2016); “The Ethics of Reading J.M. Coetzee”, Studies in the Novel (no prelo); Philosophy in the Condition of Modernism (London/New York: Palgrave Macmillan, no prelo); Intersubjectivity and Values: Phenomenological Perspectives (Ed. L. Sousa e A. Falcato), Cambridge Scholar Publishing (no prelo).

 

 

Vergonha e ideias de si (B. Williams, Kant, J.M. Coetzee)

 

Neste trabalho, dividido em três partes, traço uma genealogia conceptual da atitude primária da vergonha enquanto episódio psicológico, e analiso duas interpretações sublimadas do fenómeno básico: no sistema moral Kantiano e na proposta literária de J.M.Coetzee.

A primeira parte do ensaio expõe a abordagem genealógica da emoção, que está hoje muito marcada pela leitura de Bernard Williams em Shame and Necessity. A vergonha é tratada aí como fenómeno psicológico primitivo de relevância substancial na vida ética de um agente.

Num segundo momento da análise, construo uma ponte entre algumas reflexões textuais que Kant nos legou sobre vergonha e um possível tratamento indirectamente dispensado ao sentimento da vergonha como instrumental no incentivo à razão pura prática pela lei moral, no terceiro capítulo da “Analítica da Razão Pura Prática”, na segunda Crítica. Seguindo a proposta interpretativa de alguns scholars da filosofia prática de Kant para o famoso capítulo sobre os móbeis da razão prática, poderemos compreender como o desajuste da abordagem kantiana relativamente ao percurso genealógico esboçado por Williams permite entender melhor o traçado fundamental do sentimento primário, quando as reacções tipificadas correspondentes forem transmutadas numa humilhação do eu-sensível pelo eu-moral – ou a entidade a que Kant chama ‘pessoa’.

Num terceiro momento desta reflexão, veremos como a experiência ética da vergonha na obra literária de J.M. Coetzee corresponde a um abandono desta última ideia moral de si e a um confronto não acautelado com a experiência corporal enquanto locus de dor.  

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