Colóquio Internacional "Santo Agostinho"
Organização:
José Maria da Silva Rosa
Já várias vezes se disse: é mais comum celebrar os autores que as obras. Mas De Civitate Dei de Agostinho de Hipona, que talvez ele ainda tenha começado no fim de 412, mas que, com toda a certeza, já estava a redigir em 413, um século depois do Édito de Milão, é uma obra que, tendo brotado de uma circunstância histórica concreta ― o saque de Roma, por Alarico, no dia 24 de Agosto de 410, e a necessidade de refutar as acusações aos cristãos por, em virtude de “oferecerem a outra face” (Mt 5, 39), de“amarem os inimigos” e de, “além da capa, darem também o manto” (Lc 6, 27-28), serem culpados da quebra do tónus bélico dos romanos ―, rapidamente escapou ao contexto polémico de origem, tornando-se numa das obras mais marcantes não só do pensamento agostiniano, mas também dos inúmeros comentários, recepções, e traições ao seu pensamento. Longe nós, aqui, qualquer veleidade de lhe estabelecer sequer os contornos. Mas há algo que queremos sublinhar: De Civitate Dei, para o bem e para o mal, foi a primeira narrativa explícita e consciente de uma e única História universal, de cunho providencialista, e da construção teórica da unidade de todo género humano. Se é verdade, como querem alguns, que o tempo das grandes narrativas acabou, já a releitura da obra, hoje, 1600 volvidos, pode pôr-nos de novo perante indagações genuinamente agostinianas: quando ‘as muralhas da nossa cidade’ estão a ruir à nossa volta e o sentido do porvir é incerto, que fazer? As respostas de Agostinho (“a cidade são os cidadãos”,“sem justiça, o que são os reinos senão grandes bandos de ladrões?”) podem interessar mais ou menos, mas é inegável que algumas das suas interrogações podem ser ainda as nossas, e a História, ao invés de acabada, ei-la, in fieri. Teremos que alargar as muralhas? Reconstruí-las mais fortes, como querem alguns, já não (?) face aos bárbaros do Norte, mas contra os famintos do Sul? Destruí-las de vez e olhar mais longe? Eis algumas das questões em cima da mesa, neste Colóquio.
11:00h ― Intervalo
Moderador: Urbano Sidoncha, UBI
Moderador: António Amaral, UBI
17:00h ― Intervalo
Moderador: Alexandre Luís, UBI
20:30h ― Jantar
Dia 15
Moderador: João Carlos Correia, UBI
11:00h ― Intervalo
Moderador: Ana Leonor Santos, UBI
13:00h ― Almoço
Moderador: André Barata, UBI
16:30h ― Encerramento
António Bento
Já várias vezes se disse: é mais comum celebrar os autores que as obras. Mas De Civitate Dei de Agostinho de Hipona, que talvez ele ainda tenha começado no fim de 412, mas que, com toda a certeza, já estava a redigir em 413, um século depois do Édito de Milão, é uma obra que, tendo brotado de uma circunstância histórica concreta ― o saque de Roma, por Alarico, no dia 24 de Agosto de 410, e a necessidade de refutar as acusações aos cristãos por, em virtude de “oferecerem a outra face” (Mt 5, 39), de“amarem os inimigos” e de, “além da capa, darem também o manto” (Lc 6, 27-28), serem culpados da quebra do tónus bélico dos romanos ―, rapidamente escapou ao contexto polémico de origem, tornando-se numa das obras mais marcantes não só do pensamento agostiniano, mas também dos inúmeros comentários, recepções, e traições ao seu pensamento. Longe nós, aqui, qualquer veleidade de lhe estabelecer sequer os contornos. Mas há algo que queremos sublinhar: De Civitate Dei, para o bem e para o mal, foi a primeira narrativa explícita e consciente de uma e única História universal, de cunho providencialista, e da construção teórica da unidade de todo género humano. Se é verdade, como querem alguns, que o tempo das grandes narrativas acabou, já a releitura da obra, hoje, 1600 volvidos, pode pôr-nos de novo perante indagações genuinamente agostinianas: quando ‘as muralhas da nossa cidade’ estão a ruir à nossa volta e o sentido do porvir é incerto, que fazer? As respostas de Agostinho (“a cidade são os cidadãos”,“sem justiça, o que são os reinos senão grandes bandos de ladrões?”) podem interessar mais ou menos, mas é inegável que algumas das suas interrogações podem ser ainda as nossas, e a História, ao invés de acabada, ei-la, in fieri. Teremos que alargar as muralhas? Reconstruí-las mais fortes, como querem alguns, já não (?) face aos bárbaros do Norte, mas contra os famintos do Sul? Destruí-las de vez e olhar mais longe? Eis algumas das questões em cima da mesa, neste Colóquio.
Programa:
Dia 14
09:00h ― Sessão de Abertura:
Dia 14
09:00h ― Sessão de Abertura:
Reitor da Universidade da Beira Interior
Presidente da Faculdade
Organizadores
Moderador: José Manuel Santos, UBI
Moderador: José Manuel Santos, UBI
09:15h ― Jaume Aurell (UNAV), La Ciudad de Dios de San Agustín: el texto en su contexto
10:00h ― José Rosa (UBI), Questionando uma visão penal da história.
10:45h ― Debate
11:00h ― Intervalo
Moderador: Urbano Sidoncha, UBI
11:30h ― Manuela Martins (UCP-Porto), A Filosofia da História no De Civitate Dei de Santo Agostinho
12:15h ― Montserrat Herrero (UNAV), La teología política de San Agustín en De Civitate Dei
12:45h ― Debate
13:00h ― Almoço
Moderador: António Amaral, UBI
15:00h ― Maria Leonor Xavier (FLUL), Confirmações de Agostinho em De Civitate Dei
15:45h ― António Rocha Martins (CFUL), A ideia de justiça n’A Cidade de Deus
16:30h ― Debate
17:00h ― Intervalo
Moderador: Alexandre Luís, UBI
17:30h ― Américo Pereira (UCP-Lisboa), O absoluto do bem, o espaço, o tempo e o mal, em A cidade de Deus
18:15h ― Ángel Poncela (USAL), De dónde pudo alcanzar Agustín de Hipona aquella noticia con que tanto se acercó a la doctrina platónica
19:00h ― Debate
20:30h ― Jantar
Dia 15
Moderador: João Carlos Correia, UBI
09:00h ― Diogo Barbosa (UC), O mundo em metáforas no De Civitate Dei
09:45h ― Ana Rita Ferreira (CFUL), Do duplo paraíso à antropologia escatológica agostiniana
10:30h ― Debate
11:00h ― Intervalo
Moderador: Ana Leonor Santos, UBI
11:30h ― Filipa Afonso (CFUL), “Um belíssimo poema”. O belo e o tempo nas filosofias de Agostinho e de Boaventura
12:15h ― José Domingues (UBI), Das grandes narrativas à estética mínima. Lyotard leitor de Agostinho
12:45h ― Debate
13:00h ― Almoço
Moderador: André Barata, UBI
15:00h ― António Bento (UBI), ‘Não entrarão no meu repouso’: Glória e Sabatismo e Inoperosidade em Santo Agostinho e Giorgio Agamben
15:45h ― Debate
16:30h ― Encerramento