Discurso populista – A hora da normalização
Populist Discourse: The Time for Normalization
A ascensão do populismo implicou uma alteração dos temas e das convenções discursivas vigentes no espaço público mediático. Por um lado, assistiu-se à imposição combativa de uma agenda. Por exemplo, a avaliação de imigrantes como ameaça da segurança interna e como sobrecarga do Estado do bem-estar social e do sistema de educação foi um desenvolvimento transnacional do populismo (Wodak, 2024). Por outro lado, implicou um reportório estilístico e discursivo que se traduz numa forma particularmente disruptiva e agressiva de intervenção. Há uma performance na esfera pública que passa pela provocação contínua e pela infração das normas do politicamente correto.
Depois do seu surgimento disruptivo com a insistência em fórmulas de contestação e de confronto político genericamente apresentadas numa lógica decididamente combativa, os movimentos e partidos representantes do fenómeno populista enfrentam frequentemente a institucionalização das suas práticas políticas e estratégias comunicacionais, aparentemente resultante do alargamento da sua base eleitoral e do seu acesso aos “corredores do poder”: Parlamentos, Governos, Comissões de Inquérito, Conselhos de Estado, autarquias, são algumas das instâncias a que a lógica democrática alçou alguns destes novos protagonistas políticos. Esta institucionalização que geralmente surge na sequência do crescimento eleitoral é, por um lado, acompanhada por vezes pela alegada normalização destes atores e das suas estratégias discursivas e comunicacionais.
As 4ªas Jornadas Internacionais Patologias e Disfunções da Democracia em Contexto Mediático aceitam trabalhos que visem:
a) Identificar genericamente as agendas temáticas, as estratégias comunicacionais e práticas discursivas do populismo, nos diversos contextos do seu surgimento e ascensão.
b) Identificar, especificamente, a existência de mutações temáticas, comunicacionais e discursivas verificadas recentemente nos movimentos e partidos populistas e coincidentes com o seu crescimento eleitoral e/ou aproximação ao poder.
c) São ainda aceites trabalhos que genericamente se foquem sobre patologias associadas ao populismo tais como discurso de ódio, xenofobia, racismo, polarização, etc.
Aceitam-se comunicações sobre casos pertinentes verificados em qualquer ponto do globo, provenientes das Ciências da Comunicação, Comunicação Política, Comunicação Estratégica, Análise do Discurso, Ciência Política, Filosofia, Sociologia e outras abordagens académicas.
Serão aceites 20 comunicações.
Os proponentes submeterão resumos expandidos com cerca de 800 palavras.
The rise of populism brought about a change in the issues and discursive conventions prevailing in the media public sphere. On the one hand, there was a combative imposition of an agenda. For instance, the portrayal of immigrants as a threat to internal security and as a burden on the welfare state and education system was a transnational development of populism (Wodak, 2024). On the other hand, it involved a stylistic and discursive repertoire that manifests in a particularly disruptive and aggressive form of intervention. There is a performance in the public sphere characterized by continuous provocation and the violation of politically correct norms.
After its disruptive emergence with the insistence on formulas of contestation and political confrontation generally presented in a decidedly combative logic, the movements and parties representing the populist phenomenon often face the institutionalization of their political practices and communicative strategies, apparently resulting from the expansion of their base electoral and their access to the “corridors of power”: Parliaments, Governments, Inquiry Commissions, State Councils, local authorities, are some of the instances to which democratic logic has led some of these new political protagonists. This institutionalization that usually arises in the wake of electoral growth is at times accompanied by the alleged normalization of these actors and their discursive and communicational strategies.
The 4th International Conference Pathologies and Dysfunctions of Democracy in a Media Context accepts work that aims:
a) Generally identifying thematic agendas, communicational strategies, and discursive practices of populism, in the various contexts of its emergence and ascension.
b) Specifically identifying the existence of thematic, communicational, and discursive mutations recently observed in populist movements and parties, coincident with their electoral growth and /or approach to power.
c) Works that focus on pathologies associated with populism in media contexts such as hate speech, xenophobia, racism, polarization, etc. are also accepted.
Communications are accepted on pertinent cases verified at any point on the globe, from Communication Sciences, Political Communication, Strategic Communication, Discourse Analysis, Political Science, Philosophy, Sociology, and other academic approaches.
Proponents will submit expanded abstracts with about 800 words.
75€ (para doutorados)
50€ (para estudantes de mestrado e doutorado)
Gratuito (para membros do LabCom UBI)
75€ (for phd holders)
50€ (for master's and doctoral students)
Free (for LabCom UBI members)
Caitlin Ring Carlson é Professora Associada e Diretora do Departamento de Comunicação e Media da Seattle University. Possui Ph.D. em Estudos dos Media pela University of Colorado. Os seus principais interesses de investigação estão na área de direito e políticas dos media, especialmente no que diz respeito aos novos media, liberdade de expressão e justiça social. O seu trabalho atual foca-se nos discursos de ódio. Interessa-se também pela liberdade de expressão das mulheres, incluindo a liberdade de imprensa e a propriedade dos media por mulheres. É autora do livro Hate Speech, publicado pela MIT Press em 2021. Caitlin Carlson faz ainda parte da equipa de autores do livro The Law of Journalism and Mass Communication (8ª ed.), publicado pela Sage em 2023. O seu trabalho foi publicado em conceituados periódicos académicos, como Communication Law & Policy, Journal of Media Law and Ethics, First Amendment Studies e First Monday. A investigação de Caitlin Carlson foi também apresentada em publicações generalistas, como o Wall Street Journal, Wired e Venture Beat.
Carla Cerqueira é doutorada em Ciências da Comunicação – especialização em Psicologia da Comunicação – pela Universidade do Minho (2012), e fez pós-doutoramento na mesma área na Universidade do Minho, na Universidade Autónoma de Barcelona e na Universidade Erasmus de Roterdão (de 2013 a 2018). Atualmente é professora associada na Universidade Lusófona, diretora do Doutoramento em Comunicação e Ativismos, investigadora integrada no CICANT – Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias e colaboradora do CECS – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade. Os seus interesses de investigação incluem género, feminismos, interseccionalidade, movimentos sociais, ativismos, cidadania digital e media. Integra vários projetos de investigação nacionais e internacionais, e é a investigadora principal do projeto “FEMglocal – Movimentos feministas glocais: interações e contradições” (PTDC/COM-CSS/4049/2021). É a coordenadora da Comissão de Investigação e Políticas da GAMAG – Global Alliance on Media and Gender. Faz parte da direção da APEM – Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres e integra a Comissão de Ética da ECREA.
João de Almeida Santos é licenciado em Filosofia pela Universidade de Coimbra e obteve, em 1987, a Laurea di Dottore em Filosofia na Universidade de Roma La Sapienza. Em 2009, concluiu o Doutoramento Europeu em Ciências da Comunicação na Universidade Complutense de Madrid, instituições onde também exerceu atividades como professor e investigador. Atuou como Assessor Político do Primeiro-Ministro nos XVII e XVIII Governos Provisórios e foi Presidente da Assembleia Municipal da Guarda e da CIM-Comurbeiras entre 2005 e 2013. Exerceu o cargo de Diretor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Lusófona. É autor e coautor de mais de três dezenas de obras, como Política e Democracia na Era Digital (Lisboa, 2020), Media e Poder (Lisboa, 2012), Os Intelectuais e o Poder (Lisboa, 1999), Paradoxos da Democracia (Lisboa, 1998) e O Princípio da Hegemonia em Gramsci (Lisboa, 1986).
Miguel Prata Roque é Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, advogado e investigador do Lisbon Public Law Research Center e do Centro de Investigação de Direito Penal e Ciências Criminais. Atualmente, preside o Observatório Permanente da Administração Pública. Foi Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros e Assessor do Gabinete de Juízes do Tribunal Constitucional. É autor de mais de 70 obras jurídicas.
Paula do Espírito Santo é Professora Associada com Agregação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa (ULisboa) e investigadora no CAPP/ISCSP/ULisboa e no ICPOL/ISCPSI. Além disso, atua como Professora Visitante em diversas universidades. Os seus interesses de investigação concentram-se nas áreas da Comunicação Política, Comportamento Eleitoral, Cultura Política, Sociologia Política e Metodologia das Ciências Sociais. Tem coordenado e participado em vários projetos nestes domínios, destacando-se o projeto internacional MAPP (Members and Activists of Political Parties), no qual, em parceria com Marco Lisi, lidera a investigação sobre filiados e ativistas portugueses. Entre as suas publicações, destacam-se: Introdução à Metodologia das Ciências Sociais (Sílabo); Beyond Internet – Unplugging the Protest Movement Wave (Routledge, com Rita Figueiras, 2016); Militantes e Ativismo nos Partidos Políticos – Portugal em Perspetiva Comparada (ICS, organizado com Marco Lisi, 2017).
Rita Figueiras é doutorada em Ciências da Comunicação, professora e investigadora na Universidade Católica Portuguesa. Os seus interesses de investigação relacionam-se com o poder e os media, datificação e vigilância digital. De entre os trabalhos mais recentes destacam-se: Figueiras, R., Bolin, G., & Kalmus, V. (2024). Toward a Datafied Mindset: Conceptualizing Digital Dynamics and Analogue Resilience. Social Media + Society, 10(2); Kalmus, V., Bolin, G., & Figueiras, R. (2024). Who is afraid of dataveillance? Attitudes toward online surveillance in a cross-cultural and generational perspective. New Media & Society, 26(9).
Anabela Gradim (UBI, LabCom)
André Barata (UBI, PRAXIS)
António Bento (UBI, PRAXIS)
Branco Di Fátima (UBI, LabCom)
Bruno Costa (UBI, PRAXIS)
Catarina Rodrigues (UAc, LabCom)
Edson Capoano (ESPM-SP)
Eduardo Camilo (UBI, LabCom)
Eduardo Paz Barroso (UFP, LabCom)
Gil Ferreira (ESEC)
Giovanni Ramos (ESEC, LabCom)
Gisela Gonçalves (UBI, LabCom)
Heitor Rocha (UFPE)
Hélder Prior (UAL, LabCom)
Herlander Elias (UBI, LabCom)
João Canavilhas (UBI, LabCom)
João Pedro Roma Baptista (UTAD, LabCom)
José António Domingues (UBI, PRAXIS)
José Carlos Alexandre (IPG, LabCom)
José Ricardo Carvalheiro (UBI, LabCom)
Maria João Cabrita (UBI, PRAXIS)
Mateus Noronha (ERC/UBI, LabCom)
Naide Muller (UCP, CECC)
Paulo Serra (UBI, LabCom)
Paula Espírito Santo (ISCSP)
Pedro Pinto de Oliveira (UFMT)
Renato Essenfelder (UFP, LabCom)
Ricardo Morais (FLUP, LabCom)
Samuel Mateus (UMa, LabCom)
Sónia Sá (UBI, LabCom)
João Carlos Correia (UBI, LabCom) – jcfcorreia@gmail.com
Aline Grupillo (UBI, LabCom)
Anabela Gradim (UBI, LabCom)
Branco Di Fátima (UBI, LabCom)
Danielly Santos (UFPE)
Inês Salvador (UBI, LabCom)
Rafael Mangana (UBI, LabCom)
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Calçada Fonte do Lameiro
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Coordenadas GPS
40°16'42.6"N 7°30'42.5"W
Wodak, R. (2024), Das margens ao centro – “A normalização sem vergonha”. Mídia & Cotidiano, 18 (1), 8-24.