Capa: António Bento (Org.) (2018) Belmonte. Inquisição, Criptojudaísmo, Marranismo. Communication  +  Philosophy  +  Humanities. .
Belmonte. Inquisição, Criptojudaísmo, Marranismo

by António Bento (Org.)

Coleção: Ta Pragmata - Livros de Filosofia Prática
Ano da edição: 2018
ISBN: 978-989-654-456-0


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Sinopse

O debate contemporâneo sobre a Inquisição trava-se normalmente em torno da sua razão de ser e dos seus objectivos. No entanto, a razão de ser e os objectivos do Tribunal do Santo Ofício não são unívocos nem fáceis de estabelecer. Eram religiosos (perseguindo e esmagando os chamados «judaizantes», «criptojudeus», «marranos», e todo o tipo de dissidentes e heréticos)? Eram políticos (servindo a centralização do poder do Estado-Nação na protomodernidade)? Eram sociais (abolindo a tolerância e a convivência entre nações e credos distintos)? Eram económicos (reprimindo a nova classe emergente da burguesia urbana mercantil)? Eram psicológicos (legitimando, e mesmo santificando, a hostilidade xenófoba e o ódio racial)? Eram pecuniários (espoliando os cidadãos ricos, independentemente dos seus credos, através de confiscações de bens e propriedades)? Eram burocráticos (promovendo a dinâmica e os interesses materiais e espirituais da própria instituição)?

Este livro resulta de uma reunião científica de um punhado de académicos que em 2016 se encontraram no Museu Judaico de Belmonte para discutir e debater a «Inquisição», o «Criptojudaísmo» e o «Marranismo». Para a elucidação do sentido destes três termos existem hoje as mais variadas interpretações e explicações. Porquê, então, voltar a fazê-lo? A resposta, parecendo simples, é deveras complexa: apesar dos inúmeros estudos que lhe foram dedicados após a sua extinção formal em 1821, a memória e as sequelas do nosso passado inquisitorial permanecem, ainda hoje, profundamente recalcadas. Por que razão a Inquisição portuguesa não encontrou resistência digna desse nome enquanto soube ou pôde durar? Não sem razão, ninguém regressa psicológica e eticamente imune dessa viagem ao inferno na terra depois de brevemente exposto à sua excessiva realidade. Numa certa medida, é como se aquilo que cada português pode descobrir no espelho baço da Inquisição não fosse mais do que as cinzas do seu próprio retrato. Um retrato cobardemente esquecido ao longo dos séculos. 


Índice

Agradecimentos - 9
António Bento

Directrizes Metodológicas e Teóricas do Colóquio - 15
António Bento

Alocução Inaugural. Uma mesma Fé, Dois Percursos - 27
Monique Benveniste

Baptismo Forçado e Tipos de Conversos - 31
António Bento

O Judaísmo em Belmonte no Tempo da Inquisição - 65
Jorge Martins

Vidas de Cristãos-Novos na Beira, no Século XVIII. Gaspar Mendes Furtado e Clara Henriques Lara - 79
Maria Antonieta Garcia 

Inquisição no Século XVII: Uma Fábrica de Cristãos-Novos? - 105
Elvira Azevedo Mea 

Os Cristãos-Novos da Cidade de Viseu (Séculos XVI-XVII): Problemáticas de uma Nova Diáspora - 131
Maria Teresa Cordeiro

Festa Criptojudaica da Senhora dos Prazeres, na Pascoela - 157
Moisés Espírito Santo 

Uma Questão (do) Inconsciente - 165
António Carlos Carvalho 

Aspects de la Religion Populaire des Israelites de Rite Portugais de Bayonne et Bordeaux - 171
Peter Nahon 

O Segredo dos Doutores: Um Círculo de Académicos Criptojudeus em Lisboa, 1593-1614 - 189
Carsten L. Wilke 

Menina e Moça: A Penúltima Vítima Cristã-Nova Assassinada pela Inquisição Portuguesa, Évora, 31 de Agosto de 1760 - 213
Herman Prins Salomon

Sobre os Autores - 265

Apoio:
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